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sábado, 12 de janeiro de 2013

O RIO - de Olavo Bilac

                                O RIO - de Olavo Bilac 

Da mata no seio umbroso,
No verde seio da serra,
Nasce o rio generoso,
Que é a providência da terra.
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Nasce humilde e, pequenino,
Foge ao sol abrasador; 
É um fio dágua tão fino,
Que desliza sem rumor.
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Entre as pedras se insinua,
Ganha corpo, abre caminho,
Já canta, já tumultua,
Num alegre borborinho. 

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Agora, ao sol, que o prateia,
Todo se entrega a sorrir;
Avança, as rochas ladeia,
Some-se, torna a surgir.
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 Recebe outras águas, desce
As encostas de uma a uma,
Engrossa as vagas, e cresce,
Galga os penedos, e espuma.
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Agora, indômito e ousado,
Transpõe furnas e grotões,
Vence abismos, despenhado
Em saltos e cachoeirões.

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E corre, galopa, cheio
De fôrça, de vaga em vaga,
Chega ao vale, alarga o seio,
Cava a terra, o campo alaga...
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Expande-se, abre-se, ingente
Por cem léguas, a cantar,
Até que cai, finalmente,
No seio vasto do mar...

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Mas na trinunfal magestade
Dessa marcha vitoriosa,
Quanto amor, quanta bondade
Na sua alma generosa!
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A cada passo que dava
O nobre rio, feliz,
Mais uma árvore criava,
Dando vida a uma raiz.

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Quantas dádivas e quantas
Emolas pelos caminhos!
Matava a sêde das plantas
E a sêde dos passarinhos...
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Fonte de fôrça e fartura,
Foi bem, foi saúde e pão: 
Dava às cidades frescura,
Fecundidade ao sertão...
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E um nobre exemplo sadio
Nas suas águas se encerra;
Devemos ser como o rio,
Que é a providência da terra.
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Bendito aquele que é forte,
E desconhece o rancor,
E, em vez de servir a morte,
Ama a Vida, e serve o Amor!
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OLAVO BILAC - Poeta brasileiro.
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Pesquisa e postagem: Nicéas Romeo Zanchett
http://asfabulasdeesopo.blogspot.com.br



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